segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

NO RJ, PINTURA PADRONIZADA ACOBERTA CONFLITOS E CRISES DE EMPRESAS

As pessoas não deveriam se conformar com a pintura padronizada nos ônibus. A realidade mostrou que a medida, que consiste em colocar diferentes empresas de ônibus sob uma mesma pintura e, em certos casos, "racha" uma mesma empresa de ônibus em até seis ou sete pinturas diferentes, é fonte de corrupção e conflitos de interesses diversos.

As falências de várias empresas de ônibus no Rio de Janeiro, sendo a mais recente da Viação Algarve, são feitas às "escondidas" da população, praticamente a última a saber, mesmo com a razoável divulgação da imprensa. Desde que foi imposta a nefasta pintura padronizada, o sistema de ônibus caiu porque, com uma licitação de fachada que, em vez de mostrar as empresas, as esconde, criou regras e procedimentos que só fizeram o sistema ficar mais caro, mais burocratizado e mais corrupto.

Empresas mudaram de nome, linhas trocaram de empresas, algumas empresas faliram, outras surgiram do nada sem mostrar bom serviço, e empresas antes consideradas de bom desempenho estão mostrando até goteiras dentro dos ônibus, como a Rodoviária A. Matias.

Os acidentes aumentaram, com muitos mortos e não menos feridos. A Secretaria de Transportes antecipou, em poderes ditatoriais, ao decadente presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Mas como o grupo político de Eduardo Paes queria manter os dedos, teve que romper com Eduardo Cunha para não caírem junto com ele.

As pessoas não percebem a gravidade da situação. Pegam um ônibus de empresa ruim que tem a mesma pintura da empresa que é boazinha (porque, neste esquema, até as boas empresas decaem de uma forma ou de outra), correm o risco de pegar um ônibus errado, mas aceitam a pintura padronizada acreditando, em vão, em futura disciplina dos governantes no sistema de ônibus ou na vinda de super-ônibus, uma esperança que não faz mais sentido.

Afinal, os BRTs se mostraram ineficazes e rodam superlotados. Os ônibus implantam ar-condicionado, mas isso tem o preço da demissão de muitos cobradores, com a dupla função que traz insegurança para os passageiros, porque sobrecarrega as atenções do motorista que só deveria se dedicar ao volante. É um desconforto (dupla-função) para compensar um conforto (refrigeração).

A pintura padronizada apenas é um carro-chefe de um monte de arbitrariedades, como a dupla-função e os percursos reduzidos. As autoridades tentaram eliminar a ligação direta Zona Norte X Zona Sul - esbarraram nos processos movidos pelo Ministério Público - e, demagogicamente, ofereciam um laguinho artificial no Parque Madureira - que chamaram de Praia de Rocha Miranda - ao lado de alguns chuveirões para tentar agradar o povo da Zona Norte, o que não compensou.

Quanto às empresas, adotar uma pintura única para cada consórcio revelou um fiasco. Amarrar diferentes empresas de ônibus na camisa-de-força dos consórcios revelou conflitos, concentração de poder de algumas empresas sobre outras, e conflitos diversos estão provocando falências e perdas de linhas diversos.

A Paranapuan se desentendeu com as demais empresas do consórcio Internorte. Empresas como Acari, Rubanil e América estão "apagadas" e não renovam mais as frotas como antes. A Madureira Candelária, que chegou a ter belos ônibus Volvo, está à beira da falência. A City Rio mudou para Vigário Geral, quase voltou a ser City Rio e depois virou VG. A Saens Peña virou Nossa Senhora das Graças e se transformou em desgraça. A Andorinha e a Algarve foram extintas, deixando o povo da Zona Oeste na mão. E os ônibus cariocas em geral já não exibem mais informações de letreiros nas laterais e dianteiras dos ônibus.

Isso tem que continuar? Essa tragédia tem que se repetir nos ônibus do DETRO? E o Movimento Passe Livre, não se manifesta contra a pintura padronizada? Se eles têm que se manifestar contra os abusos do transporte, tem que combater esse véu que acoberta a corrupção político-empresarial, a farra de mudanças de linhas e de nomes que deixam a população confusa e sem saber direito que ônibus pegar. Combater a pintura padronizada é uma boa pauta e o MPL irá ganhar se incluí-la em suas manifestações contra os abusos do sistema de ônibus (como as tarifas caras).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.