quinta-feira, 30 de abril de 2015

...E TUDO COMEÇOU COM A PINTURA PADRONIZADA NOS ÔNIBUS

POLICIAL ESTRANGULA MANIFESTANTE DE PROTESTO PACÍFICO DE PROFESSORES NO PARANÁ.

A repressão policial contra a manifestação pacífica dos professores em Curitiba, no Paraná, demonstra o alto grau de reacionarismo do grupo político que comanda o Estado, representado pelo governador tucano Beto Richa, do PSDB.

Professores que estavam em greve e pediam melhores condições de trabalho e aumento salarial foram reprimidos pelas tropas de choque, que atiraram bombas de efeito moral, feriram manifestantes e cometeram violência como na foto acima.

Nessa foto, um policial tenta enforcar um manifestante que só estava ali para se manifestar em paz pela sua qualidade de vida. O manifestante estava "armado" apenas de um auto-falante que usava para expressar sua indignação contra a situação vivida pela classe.

Os policiais teriam recebido ordem do governador e de seu secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, conhecido por sua truculência, para agir assim, sob pena de serem presos por "desacato a autoridade" e "não cumprimento de ordens superiores".

E o que isso tem a ver com a "mobilidade urbana"? Muita coisa. Afinal, a família Richa, originária de Londrina, a partir de José Richa, pai de Beto, se ascendeu politicamente na capital paranaense sob o apadrinhameno político de Jaime Lerner, arquiteto que muita gente acredita ser "progressista" mas se esquece que ele foi filhote da ditadura militar.

Jaime Lerner não foi um político competente e como administrador não diferiu muito de Beto Richa hoje. Lerner tinha apetite voraz para privatizar empresas públicas e transferir o dinheiro da venda para seu patrimônio pessoal. Adotava políticas contrárias aos interesses dos trabalhadores e suas políticas salariais eram tenebrosas.

Foi preciso, nos últimos anos, Jaime Lerner dotar de uma articulada e coesa equipe de advogados para livrá-lo de um processo por corrupção, na tentativa de apresentá-lo com a "imagem limpa" para os festejos da hoje fracassada Copa de 2014 e para os quarenta anos de seu hoje decadente projeto de transporte público.

Em 1974, o então prefeito biônico (nomeado por militares) de Curitiba lançou um projeto que envolveu mudanças no sistema de ônibus e no trânsito que seguiam a mesma lógica tecnocrática do regime militar, sendo um equivalente para Urbanismo e Transportes ao que Roberto Campos, vulgo Bob Fields (era fanático pelo FMI), significou para a Economia brasileira.

Tendo como elemento principal a pintura padronizada nos ônibus, usando como desculpa critérios "racionais" - que hoje variam de consórcios a tipos de serviços e regiões de bairros - , Lerner permitiu, com a medida, camuflar a corrupção dos empresários de ônibus, e criar transtornos para os passageiros que estão agora privados de saber a identidade de cada empresa de ônibus.

Mas isso foi apenas a cobertura do "bolo", e a reboque da pintura padronizada dos ônibus - medida que, infelizmente, cresce que nem praga no Brasil - vieram outras medidas tão impopulares quanto, como a redução de frotas de ônibus em circulação, a dupla função do motorista-cobrador e a sobrecarga na jornada de trabalho dos rodoviários.

A partir dessas medidas antipopulares Jaime Lerner construiu sua ascensão política, apadrinhou o amigo José Richa e aos poucos foi se retirando da política, atuando apenas como arquiteto "independente" a espalhar seu projeto nefasto para o transporte coletivo para outras cidades, por meio de sua consultoria.

E é justamente esse cenário de ascensão política que fez crescer e aparecer Beto Richa e seu ato reacionário de reprimir um protesto pacífico de professores que só queriam melhores salários e condições para poderem exercer seus trabalhos de forma digna e eficiente.

E pensar que tudo isso começou porque um prefeito nomeado pela ditadura militar decidiu adotar a pintura padronizada nos ônibus de uma capital...

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