quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PROIBIDAS DE USAR SUA IDENTIDADE VISUAL, EMPRESAS DE ÔNIBUS DO RJ PIORAM SERVIÇO

VIAÇÃO VERDUN JÁ FIGURA ENTRE AS PIORES EMPRESAS DE ÔNIBUS CARIOCAS.

Desde que foi implantado um modelo autoritário e tecnocrático do sistema de ônibus do Rio de Janeiro, há quatro anos atrás, o serviço piorou consideravelmente. Afinal, a crise de representatividade operacional trazido pela Prefeitura carioca, uma desnecessária intervenção estatal num serviço prestado por particulares, contribui para o declínio do sistema.

Para entendermos a situação, vamos dar como exemplo o bairro de Copacabana, considerado um dos principais da Zona Sul carioca e que poderia sugerir uma demanda mais conceituada dos ônibus que circulam pela região.

Ontem, numa caminhada por Copacabana, observou-se que quase todos os ônibus estão sucateados, sempre com alguma parte da lataria amassada, rodando como se estivessem com os parafusos se soltando e com o motor sujo e abafado.

Isso já acontece há algum tempo, mas agora tudo isso tem um ingrediente mais dramático: mesmo ônibus com alguns meses de fabricação já apresentam não só lataria amassada mas também arranhões diversos.

Um dos casos mais deploráveis é a Viação Verdun, que já se equipara à Expresso Pégaso em qualidade da frota, com ônibus que parecem mais antigos do que realmente são, e um péssimo estado de conservação que envolve veículos comprados há apenas poucos meses. Antes excelentes, Transurb e Nossa Senhora das Graças agora se destacam pelo sucateamento severo dos veículos.

Mas outras empresas como Braso Lisboa, São Silvestre, Real, Alpha, Futuro e Redentor também demonstraram péssimo estado em suas frotas, o que nos faz sugerir que o fantasma da Trans1000, extinta empresa da Baixada Fluminense, incorporou no sistema de ônibus carioca.

Se em Copacabana os ônibus demonstram estar um lixo - só se salvam carros comprados no prazo não superior a dois meses, e mesmo assim poucos - , os demais bairros cariocas apresentam frotas ainda mais sucateadas. Na Zona Oeste, o problema atinge pontos mais críticos.

Impedidas de apresentar sua identidade visual, o que influiria na relação econômica com o público que se utiliza de seus serviços, as empresas de ônibus são desestimuladas a promover competitividade, já que são amarradas num sistema de consórcios, de valor e eficiência duvidosos.

Com isso, nenhuma delas é estimulada a promover um diferencial de serviço, já que umas são iguais às outras pela pintura, e praticamente passam "apagadas" pelas ruas. Que diferença tem uma Viação Acari, uma Viação Verdun e uma Viação Madureira Candelária, por exemplo? Nenhuma.

Se nenhuma delas é estimulada a promover um diferencial de serviço, devido à intervenção estatal - a pintura padronizada dá mais ênfase ao logotipo da Prefeitura do Rio de Janeiro - , então elas reagem à arbitrariedade política piorando o serviço.

Com isso, o prefeito Eduardo Paes mexeu em time que estava ganhando, embora não jogasse bem. Mas se o sistema de ônibus carioca antes de 2010 tinha seus problemas, eles apenas pioraram quando Eduardo Paes e seu pupilo Alexandre Sansão foram se meter em algo que não entendiam bem, que é o transporte coletivo. Daí o desastre que somos obrigados a encarar todos os dias.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

PASSAGEIROS PROTESTAM CONTRA PINTURA PADRONIZADA NOS ÔNIBUS DO RJ

PASSAGEIROS PASSARAM A SENTIR DIFICULDADES DE IDENTIFICAR OS ÔNIBUS, APÓS ADOÇÃO DE PADRONIZAÇÃO VISUAL.

Enquanto uma elite de busólogos, para defender a pintura padronizada nos ônibus, parte para calúnias e ameaças nas mídias sociais contra quem não concorda com eles, o povo sofre com a medida imposta à revelia da lei e da consulta popular pelo prefeito carioca Eduardo Paes e seu secretário de Transportes Alexandre Sansão, que parece nunca ter usado ônibus na vida.

Com a piora do sistema de ônibus da cidade do Rio de Janeiro, com ônibus sucateados vistos até em Copacabana e de frotas de empresas antes conceituadas, como Real, Alpha e Braso Lisboa - fora a Tijuquinha e a Matias, que circulam pela Zona Norte, e a Verdun, que tem a maior parte da frota em péssimo estado de conservação - , a crise no setor só faz irritar os passageiros.

Hoje foi publicada uma reportagem no jornal Extra, de autoria de Cíntia Cintra, que prova que a suposta "popularidade" da pintura padronizada nos ônibus do Rio de Janeiro é fruto da imaginação de políticos, tecnocratas e de busólogos associados, os mesmos que espalham o terror digital de ofensas nas comunidades busólogas das mídias sociais (como Facebook e o portal Ônibus Brasil).

A aposentada Maria Regina Brito, de 66 anos, é um dos exemplos do sofrimento que a população sofreu a partir de medidas como a pintura padronizada dos ônibus (fora outros transtornos como a das linhas "mutiladas", com itinerário reduzido para atender a "sistemas de integração").

"O que dificulta é quando o letreiro troca. Euquanto isso, você espera para ver o número, mas, nesse tempo, o ônibus pode ir embora", diz Maria Regina ao Extra, expressando sua dificuldade de tentar diferir a empresa de ônibus dessa maneira, já que as diferentes empresas de ônibus agora adotam a mesma pintura.

Outros transtornos e prejuízos são relatados por passageiros, provando que a pintura padronizada é bastante nociva à população. Enquanto isso, busólogos ligados a interesses políticos, arrogantes e truculentos nas mídias sociais - um chegou a criar um blogue só de calúnias, "Comentários Críticos", já denunciado pelo Safernet - classificam esses transtornos e prejuízos como "besteiras".

A reportagem de Extra é a primeira que, depois que a medida da pintura padronizada nos ônibus foi implantada, há quatro anos atrás. Muitas reportagens do gênero virão, num contexto bem diferente de dois anos atrás, quando os ônibus padronizados pareciam integrar serenamente a paisagem carioca.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

MODELO TECNOCRÁTICO DE ÔNIBUS DE CURITIBA CHEGA AOS 40 ANOS CADUCO

Embora seja vendido como "novidade" nos últimos anos, o modelo de sistema de ônibus implantado pelo então prefeito de Curitiba, o arquiteto e urbanista Jaime Lerner, chega aos 40 anos caduco, sem poder responder aos problemas crescentes causados por esse sistema.

Apesar dos BRTs terem sido implantados em 1982, o sistema BRT já foi lançado em 1974 em suas caraterísticas fundamentais. E seu caráter "futurista", no entanto, ainda que apresente qualidades como o planejamento urbanístico e a criação de faixas exclusivas para ônibus - os chamados "corredores expressos" - , até o contexto político dá conta de seu caráter conservador e antiquado.

O próprio Jaime Lerner era, na época, um político da ARENA (Aliança Renovadora Nacional), o "partidão" da ditadura militar e, na época em que foi implantado o sistema BRT em Curitiba, estava vigente o AI-5.

Nesses tempos, era intensa a repressão militar, com amplas atividades de censura na imprensa (censores trabalhavam em plantão em redações e departamentos de produção dos veículos midiáticos) e de tortura contra opositores do regime, que teve seu momento extremo em 1975, com os assassinatos, nas prisões, do jornalista Vladimir Herzog e do sindicalista Manuel Fiel Filho.

Lerner, fora de sua aura de "urbanista moderno", era um político conservador. Se formou na Universidade Federal de Curitiba sob a gestão do mesmo Flávio Suplicy de Lacerda que propôs a privatização das universidades e a criação de uma entidade estudantil substituta da UNE e subordinada ao Ministério da Educação da ditadura.

Tais medidas de Suplicy de Lacerda impulsionaram uma série de revoltas estudantis que marcaram a história do Brasil e ocorreram entre 1966 e 1968, quando a juventude conquistou a opinião pública pela sua coragem de enfrentar as forças repressivas do governo militar.

Como político, Lerner teve a mesma sede privatista de governantes conservadores como Paulo Maluf e José Serra, e adotava medidas anti-populares, contrariando interesses das classes trabalhadoras.

Mas um político conservador como Lerner sempre foi não teria que estar separado de sua imagem referida ao sistema de transporte coletivo. Em outras palavras, não existe um Jaime Lerner "demoníaco" privatizando empresas públicas e criando políticas salariais impopulares, e, de outro, um Jaime Lerner "santificado" por causa de suas ideias para a "mobilidade urbana".

Por isso, o modelo que ele implantou para o sistema de ônibus nem é tão progressista quanto parece. Primeiro, ele se baseia, no âmbito político-administrativo, no poder concentrado do Estado, embora no aspecto econômico mantenha a estrutura privada das empresas particulares.

Mesmo a construção de corredores exclusivos para ônibus mostra-se uma medida valorizada de forma exagerada, sem considerar as peculiaridades urbanas e ambientais das cidades, e também não resolvendo o problema dos trânsitos, cada vez mais lotados de automóveis.

O desgaste dos BRTs, que parece ser a "última definição" em modelo de ônibus mas que, comparando com o transporte ferroviário, corresponde a um transporte coletivo de pequeno porte, também é sinalizado com a tardia implantação do transporte de trens metropolitanos (metrôs) na capital paranaense.

O poder concentrado do Estado, simbolizado pela pintura padronizada que veta as identidades visuais de cada empresa em prol de uma imagem de "consórcios" vinculados ao poder municipal ou estadual, também não consegue responder ao controle e à disciplina de um sistema que, sob suas mãos, se sobrecarrega e fica a mercê de tragédias e transtornos à população.

Medidas de caráter antipopular como a redução de ônibus em circulação - em tese seguindo critérios de replanejamento de itinerários, mas na prática feita sem qualquer critério definido - e a dupla função de motorista e cobrador, mesmo com a desculpa de implantação de bilhete eletrônico, também só trazem prejuízos sérios e transformam o sistema em um caos para o povo.

Um dos aspectos mais sombrios é a disciplina militar à qual se submetem os rodoviários, sobretudo motoristas, que têm o horário de trabalho sobrecarregado e precisam aumentar a velocidade dos ônibus para cumprimento do tempo de percurso, não raro sofrendo problemas de saúde em pleno serviço, causando risco aos passageiros, e causando acidentes, até com mortes.

A estrutura de integração do transporte também cria exageros e distorções que, em vez de fazer o sistema de ônibus ficar realmente integrado, complica o deslocamento da população que agora precisa pegar mais de um ônibus, sofrendo desconforto e atrasos, com sério risco de serem demitidos pelas chegadas tardias ao ambiente de trabalho.

Dessa forma, no Rio de Janeiro, por exemplo, linhas como 465 Cascadura / Gávea e 753 Cascadura / Recreio são extintas em prol de uma "integração" que cria desconforto, sobretudo para portadores de necessidades especiais, obrigados a viajar no desconforto na linha troncal, só tendo algum conforto quando pega a linha alimentadora do seu bairro de residência.

A baldeação, por meio de linhas "calça-curta" (de percurso reduzido), causa muito incômodo para a população, principalmente para os idosos, tão desprezados pelas autoridades e tecnocratas e isso apesar do próprio Jaime Lerner ser um idoso, com 77 anos de idade. Geralmente quem viaja sentado no ônibus alimentador (bairro X terminal), tem que viajar em pé no ônibus troncal (terminal X centro ou bairro principal).

Há um acúmulo de transtornos, problemas, prejuízos e tragédias, que faz com que o "modelo Jaime Lerner" se encontra desgastado, decadente e sem eficiência real. As autoridades não percebem isso porque elas são as maiores interessadas e tentarão desmentir o quanto possível esse fracasso.

Mas a população sofre e percebe bem os prejuízos diversos, da "integração" à pintura padronizada, dos ônibus em alta velocidade à dupla função do motorista que cobra passagens. Os ônibus também já estão mais sucateados, mesmo quando ainda novos, e o sistema de ônibus, tão decadente, não consegue evitar o grande crescimento de automóveis nas ruas.

Por enquanto, os tecnocratas e os políticos estão no alto do poder afirmando que o "modelo Jaime Lerner, mesmo com problemas, está dando certo". Cabe à imprensa deixar esse sentimento "chapa-branca" e passar a ouvir a população, considerando não apenas os problemas mais óbvios, mas também os mais complicados (como a pintura padronizada e a baldeação por linhas "calça-curta").

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

JAIME LERNER DEIXOU VAZAR QUE SISTEMA DE ÔNIBUS DE CURITIBA É ENCAMPADO

O então prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, deixou vazar, em 1982, que o sistema de ônibus que ele implantou em Curitiba oito anos atrás é uma encampação estatal.

A constatação se dá com base no demagógico termo descrito nesse ônibus articulado, que diz "Propriedade do Povo". No jargão político, "povo" é um eufemismo para justificar a concentração do poder do Estado sobre a iniciativa privada.

Nessa época o sistema de ônibus implantado por Lerner em 1974, no auge da ditadura militar - era o tempo em que a repressão se tornava cada vez mais intensa e violenta e a censura cada vez mais  rígida - , havia sido atualizado com a implantação de ônibus articulados, que hoje viraram o paradigma do que muitos entendem como BRT.

No entanto, o sistema BRT (Bus Rapid Transit) é justamente o que já foi implantado em 1974, numa lógica tecnocrática e falsamente desenvolvimentista e que equivale exatamente a uma adaptação, para o transporte coletivo, das ideias de Roberto Campos e Otávio Bulhões para a economia.

VIOLAÇÃO DA LEI DE LICITAÇÕES - Esse sistema de ônibus, ancorado em medidas como a pintura padronizada dos ônibus e outras medidas como a sobrecarga do trabalho dos rodoviários, da ênfase nas baldeações e o uso do Bilhete Único, descumpre a Lei de Licitações (8666 / 1993).

Com base no que determina os artigos 11 (que condiciona um projeto-padrão a não interferir na natureza de cada empreendimento, quando assim for o caso - e é justamente isto) e 12, inciso II (referente à funcionalidade e ao atendimento do interesse público), esse modelo de sistema de ônibus comete duras infrações.

Primeiro, porque se trata de uma concessão de serviço de ônibus por empresas particulares, mas elas estão proibidas de apresentar a sua imagem, já que ela é monopolizada pelo poder concedente, que impõe seu visual (pintura padronizada, a pretexto de consórcios ou tipo de serviços) e, simbolicamente, se apropria das frotas que exibem a logomarca da prefeitura.

Segundo, porque a medida não atende ao interesse público e nem tem funcionalidade. É impossível a  funcionalidade quando empresas diferentes exibem a mesma pintura, e o desprezo ao interesse público se dá justamente porque dificulta o discernimento de uma empresa e outra na hora de pegar um ônibus.

Na prática, a pintura padronizada acaba expressando a imagem do poder estatal, com logotipos de prefeituras ou secretarias de transporte que se sobressaem até ao nome das empresas - que, em certas capitais, nem chega a ser mostrado - , o que indica um caráter implícito de encampação por parte do Estado.

sábado, 30 de agosto de 2014

AGORA NÃO DÁ MAIS PARA NEGAR: O SISTEMA DO RJ PIOROU DE FATO!

Quando o prefeito Eduardo Paes lançou esse novo sistema em 2010, muita gente confiou cegamente no prefeito e acreditou que o transporte iria melhorar, considerando um absurdo a sua piora. Quem discordasse disso era agressivamente ofendido.

Agora, quatro anos após a medida - tomada arbitrariamente, sem consulta popular, como nas ditaduras - vemos que o transporte municipal do RJ está cada vez pior. Nem mesmo o miraculosos BRT, bezerro de ouro da busologia, conseguiu escapar da decadência do transporte. Até ele tem inúmeras falhas, além de ser ter a sua operação liderada pelas piores empresas do município.

 Frota mal conservada, aumento de acidentes, descumprimento de horários, frota insuficiente, entre outros problemas. Todos eles vieram por coincidência, junto com a uniformização visual da frota e do aumento do controle da prefeitura na frota, caracterizando uma encampação não assumida. E quem sabe o que é encampação, conhece: o sistema só piora.

É, amigos, tudo que acontece agora eu havia avisado. Vocês, ao invés de me ouvir, acharam mais conveniente me ofender, teimando numa fé cega que só a melhora era possível. E taí, o transporte do RJ já é o pior do país entre as capitais. Não quiseram ser alertados sobre o "cavalo de Tróia", agora não reclamem após a "saída dos soldados" (não entendeu? Procure conhecer a história do Cavalo de Tróia). Agora arquem com as consequências.

sábado, 9 de agosto de 2014

FAÇA PARTE DE NOSSA CAMPANHA. IMPRIMA E CRIE A SUA CAMISETA!

Duas fotos para você participar de nossa campanha. A primeira mostra como vai ficar a camiseta. A segunda, a imagem que você terá que imprimir em uma camiseta, de preferência, Branca.

E vamos acabar com essa palhaçada de colocar farda em ônibus, uma praga que se alastra em todo o país e que vem priorando cada vez mais a qualidade do transporte.

Quanto mais gente usar esta camisa, mais chances do transporte melhorar!



domingo, 4 de maio de 2014

PINTURA PADRONIZADA FAZ REPÓRTER DE O DIA CONFUNDIR LINHA DE ÔNIBUS

Ao noticiar um grave acidente que matou um idoso, na altura da Av. Francisco Bicalho próximo ao Trevo das Forças Armadas, o repórter Flávio Araújo, do jornal O Dia, foi vítima da confusão causada pela pintura padronizada nos ônibus.

Ele simplesmente confundiu o número da linha de Jardim América para o Passeio, da Viação Pavunense, creditando-a como "232" e não 342 ou 2305 (no caso de ser um ônibus com ar condicionado).

Isso significa uma grande confusão causada, uma vez que Pavunense e Matias - a responsável pela 232, que é o código do ramal de Lins para a Praça 15 - agora têm a mesma pintura. É uma confusão que o repórter não teria se não houvesse essa medida arbitrária que se tornou um câncer para muitas capitais brasileiras.

O que se observou também é o péssimo estado do ônibus da Via Rio, da linha 385 Village / Passeio, que também se envolveu no acidente. O veículo já contava com um amassado na dianteira, no lado esquerdo, antes mesmo do acidente. O que mostra o quanto o sistema de ônibus do RJ está vivendo seus piores momentos.

segunda-feira, 31 de março de 2014

ORIGEM DO MODELO TECNOCRÁTICO DO SISTEMA DE ÔNIBUS COMPLETA 50 ANOS

Pintura padronizada que extingue as identidades visuais das empresas de ônibus em prol de um visual único, variado apenas em poucos detalhes conforme o consórcio ou tipo de serviço ou área de bairros, imposto por prefeituras ou secretarias estaduais de transporte.

Sobrecarga horária de motoristas, que são obrigados a acelerar demais para cumprir os horários das linhas de ônibus, dentro de uma cidade em que cada vez mais o tráfego se congestiona e praticamente se paralisa nos horários de pico.

Corredores expressos para ônibus de BRT que derrubam áreas ambientais, prejudicam o comércio popular e obrigam muitos moradores de comunidades populares a, sob precária indenização, morarem bem longe de onde viviam.

Estes aspectos, além de muito sensacionalismo na compra de ônibus - com ar condicionado, articulados ou com motores possantes - , sem verificar questões como funcionalidade, mostram um modelo de sistema de ônibus que, embora atraente para muita gente, possui raízes nada democráticas.

Quem responder que tais raízes remetem à ditadura militar e ao golpe instaurado em abril de 1964, acertou. Embora muitos acreditem que o modelo tecnocrático de sistema de ônibus e de mobilidade urbana, adotado em cidades como São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza e, mais recentemente, no Rio de Janeiro, é "progressista", ele na verdade corresponde ao oposto disso.

A origem se deu em Curitiba, em 1974, através do prefeito de Curitiba, Jaime Lerner. A partir daí, empresas de ônibus deixaram de ter o direito (e o dever) de exibir suas identidades visuais para expor a imagem da prefeitura ou do governo estadual, enquanto autoridades lançavam ônibus "especializados" não por questão de funcionalidade, mas por puro sensacionalismo.

Jaime Lerner carrega a imagem de "urbanista progressista", mas não é mais do que um "filhote" da ditadura militar. Lerner foi político lançado pela ARENA (o partido que comandava a ditadura) e foi prefeito biônico (nomeado pelos generais) de Curitiba.

Lerner formou-se pela Universidade Federal do Paraná quando seu reitor era Flávio Suplicy de Lacerda, que depois foi nomeado pelo general Castelo Branco ministro da Educação. Flávio tornou-se conhecido por adotar medidas impopulares que causaram a revolta do movimento estudantil que se tornaram história.

O ex-reitor da UFPR, na condição de ministro da Educação do governo Castelo Branco, quis propor, entre outras coisas, a privatização do ensino superior público e a criação de uma entidade estudantil substituta da UNE e vinculada ao governo militar. Flávio também foi o ministro que estabeleceu acordos do MEC com a USAID, agência de investimentos do governo dos EUA.

Tal mestre, tal discípulo. Contrariando a imagem de "progressista", o Jaime Lerner que mostrava as avenidas dos sonhos em planilhas, maquetes e ilustrações era, fora do âmbito da "mobilidade", um privatista doentio, explorador das classes trabalhadoras, político corrupto e associado a medidas impopulares que degradaram o serviço público no Paraná.

Além disso, seu projeto de transporte coletivo causou mais prejuízos do que acertos, coisa que nem mesmo Carlos Lacerda, o abertamente reacionário jornalista e ex-governador da Guanabara. Lacerda havia criado um sistema de ônibus mais coerente e funcional do que Jaime Lerner, que ainda por cima foi recentemente condenado por improbidade administrativa.

Poucas pessoas entendem o porquê do projeto de Jaime Lerner ser tão antiquado. Mas os acidentes de ônibus, as pessoas pegando ônibus errados por conta da pintura padronizada, as populações protestando contra corredores exclusivos, tudo isso mostra o quanto o projeto tecnocrático só faz sentido mesmo em maquetes, desenhos e gráficos. 

A realidade é muito mais cruel do que a fantasia lançada em computadores instalados em escritórios refrigerados.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

CARLOS ROBERTO OSÓRIO MANDA PASSAGEIROS "PESQUISAREM" ITINERÁRIOS DE LINHAS

O povo que se vire. É assim que disse, apenas em tom mais cordial, o secretário de Transportes do município do Rio de Janeiro, Carlos Roberto Osório, na reportagem de hoje do Bom Dia Brasil sobre a confusão no sistema de ônibus carioca por causa das mudanças nos trânsitos do Centro.

Osório disse para os passageiros "pesquisarem" os novos itinerários, já que a Prefeitura nem está aí para prestar qualquer tipo de satisfação aos passageiros, que já têm que diferir uma empresa de outra dentro da mesmice da pintura padronizada.

Sobre os problemas do transporte coletivo, Osório tenta livrar a atual prefeitura do ônus da situação, ao dizer que os mesmos são "antigos". Como se, antes de 2010, o sistema de ônibus já mostrasse uma piora que só se nota nos últimos quatro anos.

A verdade é que, antes de 2010, o sistema de ônibus do Rio de Janeiro pode até não ser a oitava maravilha do mundo, mas tinha melhor qualidade em relação a hoje e era referência para todo o país. Havia maior transparência graças à diversidade visual que facilitava os passageiros identificarem uma empresa de ônibus, além de haver maior conforto, maior cuidado com as frotas e por aí vai.

Se a situação não era perfeita antes, hoje é desastrosa. E os passageiros é que pagam caro, confusos na hora de pegar ônibus, sem saber que empresa vão pegar, que itinerário vão seguir, que ponto vão ter que ir para pegar determinada linha. O povo que se vire? Talvez. Mas, do jeito que é a gestão do prefeito Eduardo Paes, para ele e sua equipe, o povo que se dane!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

ÔNIBUS DE NITERÓI JÁ SE ENCONTRAM DANIFICADOS

Os ônibus de Niterói, depois da imposição da pintura padronizada que vincula as empresas de ônibus à imagem da Prefeitura Municipal, já pioraram de vez. Circulando com lataria amassada e balançando a estrutura, os ônibus também apresentam perfurações e arranhões, sendo que a Auto Ônibus Brasília é a que tem pior desempenho.

Mesmo assim, todas as empresas apresentam carros danificados, inclusive com menos de cinco anos de fabricação. Pendotiba, Ingá, Miramar também se destacam no infeliz quadro. Mas aqui os exemplos apresentados são da Santo Antônio Transportes (CAIO Apache VIP II) e da Expresso Barreto (Mascarello Gran Midi), que mostram arranhões sérios na lataria.


sábado, 25 de janeiro de 2014

ATÉ AGORA, NINGUÉM VEIO DEFENDER DE FORMA CONVINCENTE A PINTURA PADRONIZADA

Uma coisa é certa. Quando algo incoerente e sem motivo lógico para existir é defendido, sempre é com argumentos frouxos e subjetivos.

Essa mania de uniformizar frotas, dando destaque a logos de prefeitura e escondendo ao máximo a identificação de empresas tem piorado bastante o transporte, pois, do contrário que seus defensores pensam, a mania de prefeituras imporem suas marcas nas pinturas de ônibus tem muito a ver com o desejo de prefeitos e secretários de transporte de aumentar seu poder nos sistemas que gerenciam.

As prefeituras só podem definir as linhas e o tipo de ônibus que devem estar nas linhas. O resto fica a cargo das empresas que financiam a aquisição e o funcionamento dos ônibus, além de conhecer diretamente seu cotidiano, algo que está muito longe do conhecimento de prefeitos e secretários de transporte.

O poder público já provou em inúmeras oportunidades que é incompetente para gerenciar qualquer sistema de transporte como se fosse dono do sistema. Empresas públicas de transporte sempre foram um desastre e faliram todas, sem exceção, na mais absoluta crise.

Não encontramos nenhum texto ou comentário convincente que prove que este fardamento de ônibus seja necessário ou vantajoso. E nem vai haver, pois observando com atenção, não existe nenhum motivo plausível para que a pintura padronizada, feita apenas para interesse exclusivo de prefeituras e de seus membros, possa ser justificada com bom senso. 

Mas aí vem algum defensor da pintura padronizada dizer que a pintura serve para "organizar" o sistema. Pergunto pra quê fazer licitações se a identidade das operadoras vencedoras das mesmas não podem ser facilmente identificadas pela população.

E vem outro dizendo que as pinturas padronizadas nada tem a ver com o poedrio de prefeituras e que é um "benefício estético". Vai catar coquinho!

O que o bom senso e a lógica provam é que não existe vantagem em colocar farda em ônibus. Empresas devem ser facilmente identificadas para que a população, descrente com autoridades possam também fiscalizar a qualidade do transporte, não dependendo de autoridades corruptas como intermediários para qualquer reclamação ou solicitação.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

PRESSÃO POR HORÁRIO FAZ ÔNIBUS ULTRAPASSAR O SINAL NO RJ

O que é a pressão pelo cumprimento demasiado rigoroso de horários dos ônibus.

Ontem à tarde, no cruzamento da Av. Rio Branco com as ruas Evaristo da Veiga e Araújo Porto Alegre, no centro do Rio de Janeiro, um ônibus carro A72056 da Transurb tentou ultrapassar o sinal vermelho. O ônibus circulava na linha 010 Fátima / Central.

O incidente ocorreu nas proximidades da Cinelândia e da Praça Floriano, onde fica a Câmara Municipal, palco de muitas revoltas contra o sistema de ônibus que deram na tentativa de uma CPI dos Ônibus, no ano passado.

O ônibus já passava pela faixa de pedestres, quando o sinal se fechava para os carros. Sem poder passar para o quarteirão da Cinelândia, o ônibus tentou uma marcha-a-ré, sem sucesso, já que os carros já se posicionavam no limite do trecho da Av. Rio Branco.

Pode parecer irresponsabilidade do motorista, mas a verdade é que os motoristas é que sofrem a pressão violenta pelo cumprimento de horário, numa cidade marcada por intensos congestionamentos principalmente na área do Centro. Portanto, combinar cumprimento de horário com trânsito difícil é que causam excessos desse tipo, fora os acidentes que ferem e até matam pessoas.